Estudantes de escola pública com altas habilidades no Paraná criam projeto para transformar água em combustível e reduzir a poluição dos carros
Foto: Iguaçu em Foco
Fonte: Assessoria de Imprensa
Criado no Colégio Estadual do Campo Pedro Américo, escola de Ensino Médio Integral no interior do estado, a iniciativa já recebeu prêmios em feiras de ciência e tecnologia e é apoiado pela Itaipu
Três estudantes de Serranópolis do Iguaçu, no interior do Paraná, deram vida a um projeto que busca uma alternativa sustentável aos combustíveis fósseis. Batizado de “Hidrogênio em Combustível”, o experimento propõe uma alternativa viável aos combustíveis fósseis e já conquistou quatro prêmios em feiras de ciência e tecnologia. A iniciativa surgiu em 2024 no Colégio Estadual do Campo Pedro Américo, escola pública de Ensino Médio Integral, como parte de um programa dedicado a estudantes com altas habilidades e superdotação (AH/S). Em um cenário de urgência climática, soluções sustentáveis como essa podem representar um avanço importante na busca por meios de transporte menos poluentes.
Para a diretora Marize dos Santos Beraldin, é inspirador acompanhar adolescentes liderando um experimento com foco no bem coletivo e no futuro do planeta. “Me emociona ver o quanto eles se dedicam a algo que pode realmente fazer a diferença. Nosso trabalho com estudantes com altas habilidades busca justamente apoiar cada um a desenvolver seu potencial em propostas que tenham significado para a sociedade. O Ensino Integral contribui muito nesse processo, porque garante tempo, apoio e estrutura para que ideias como essa floresçam de forma cuidadosa, com escuta, orientação e sentido”.
Da água ao motor: ciência na prática
Gustavo Franken Mafioletti (16), Davi dos Santos Beraldin (14) e Alécio Miguel Nogueira Tavares (14) desenvolveram um método simples e criativo para produzir hidrogênio a partir da água. Usando materiais acessíveis, como placas de metal, uma fonte de computador e um filtro de água adaptado, eles aplicam o processo de eletrólise, que separa o hidrogênio da água com a ajuda de eletricidade e do composto químico hidróxido de potássio.
A ideia é transformar esse hidrogênio em um combustível mais limpo para motores. Uma alternativa aos derivados do petróleo, que, quando queimados, liberam gases que contribuem para o aquecimento global e a poluição do ar. Além disso, são recursos não renováveis, ou seja, um dia podem acabar. A pesquisa, que está em andamento, também investiga formas seguras de purificar a água e armazenar o gás.
Estudantes acumulam prêmios com inovação sustentável
A tecnologia criada pelos estudantes já foi premiada em diferentes feiras de ciência e inovação. O trabalho conquistou o 1º lugar na categoria geral da Feira de Inovação das Ciências e Engenharia (FIciências), em Foz do Iguaçu, e garantiu apoio técnico da Itaipu Parquetec como parte da premiação. Também recebeu o 1º lugar na categoria Iniciação Científica Juvenil no Encontro de Pesquisa, Extensão e Inovação da Uniguaçu, além de dois terceiros lugares na Feira Científica do Núcleo de Atividades de Altas Habilidades/Superdotação (NAAH/S).
Os participantes do 9º ano e do 1º ano do Ensino Médio destacam como o projeto ampliou seus aprendizados e sua visão de mundo. “Foi uma experiência enriquecedora. Aprofundei meus conhecimentos em tecnologia e desenvolvi habilidades importantes, como pensamento crítico, pesquisa e inovação”, conta Gustavo. Davi lembra que a ideia nasceu de conversas sobre sustentabilidade e ganhou força com o apoio da escola. “Aqui, somos incentivados o tempo todo a colocar a mão na massa e pensar de forma autônoma. Isso faz toda a diferença”, afirma.
O trabalho surgiu no Atendimento Educacional Especializado no Integral (AEE-I), programa da Secretaria Estadual de Educação do Paraná voltado a jovens com altas habilidades. Pessoas com esse perfil possuem um potencial de aprendizagem acima da média e, sem estímulos adequados, podem se sentir desmotivados ou desenvolver dificuldades emocionais. Inserido na proposta do Ensino Integral, o AEE-I promove uma aprendizagem mais ampla, significativa e conectada com os desafios do mundo atual.
Uma escola onde os estudantes são protagonistas
A iniciativa também impactou o ambiente escolar, inspirando outros colegas e valorizando o esforço dos professores e da gestão pedagógica. “Quando um projeto como esse mostra resultados tão significativos, toda a comunidade escolar se sente parte. Isso fortalece os vínculos e faz com que alunos, famílias e toda a equipe percebam ainda mais relevância na educação que valoriza o desenvolvimento completo”, comenta o diretor, Martinho Batista Donel.
O Colégio Estadual do Campo Pedro Américo, localizado em uma comunidade rural de Serranópolis do Iguaçu (PR), atende pouco mais de 160 estudantes e oferta o Ensino em Tempo Integral. Reconhecida pelo incentivo a atividades interdisciplinares, a escola valoriza os tempos e talentos de cada aluno, criando um ambiente propício para o desenvolvimento de ideias conectadas à realidade que vivem.
O trabalho “Hidrogênio como Combustível” revela como a escola pública pode ser um espaço de inovação, onde surgem ideias capazes de enfrentar desafios globais, como a dependência dos combustíveis fósseis. Ao buscar uma fonte de energia limpa e acessível, os estudantes mostram que é possível pensar em soluções que impactam não só a comunidade, mas também o futuro do planeta. Se avançar, a tecnologia desenvolvida pode ser uma alternativa para reduzir a poluição gerada por milhões de veículos no mundo.
Sobre o Ensino Médio Integral
O Ensino Médio Integral é uma proposta pedagógica multidimensional, moderna, nacional, pública e gratuita. A partir de um modelo de ensino que se conecta à realidade dos jovens e ao desenvolvimento de suas competências cognitivas e socioemocionais, propõe a formação integral dos estudantes. Trabalha pilares como projeto de vida, aprendizado na prática, tutoria, protagonismo juvenil, acolhimento, orientação de estudos e eletivas, que promovem a formação completa do estudante, junto aos componentes curriculares já previstos na BNCC. Está presente em cerca de 6 mil escolas em todo o país, beneficiando mais de 1 milhão de estudantes.
