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Meninas cientistas de escola pública do Paraná ampliam atuação em biodiesel e miram novas tecnologias como impressões 3D e minifoguetes

Foto: Exame

Fonte: Assessoria de Imprensa

O projeto SunRise, iniciado com cinco alunas, agora envolve 40 estudantes, expandindo suas atividades para o desenvolvimento de soluções sustentáveis, como filamentos de impressoras 3D de garrafas pet e minifoguetes

O que começou como uma pequena iniciativa em 2022, com apenas cinco alunas dedicadas a criar biodiesel a partir de óleo de cozinha usado, hoje se consolidou em um programa de destaque com diversas frentes de atuação. Liderado por meninas cientistas do Colégio Estadual Conselheiro Carrão, escola pública de Ensino Médio em Tempo Integral de Assaí (PR), a SunRise se transformou em uma startup júnior e se tornou um exemplo de inovação científica e sustentabilidade, com foco no desenvolvimento de soluções que geram impacto social e ambiental positivo.

O sucesso do projeto reflete a dedicação das alunas e a capacidade de adaptação e inovação constante, impulsionados por colaborações estratégicas ao longo do tempo. O professor coordenador, Matheus Souza, relembra como o grupo cresceu rapidamente: “Em 2022, comecei com apenas cinco alunas entusiasmadas. Após o primeiro ano, duas delas foram aprovadas em universidades públicas e, no último ano, as três restantes também conquistaram suas vagas. Enquanto isso, o projeto continuou em plena expansão. Foi então que percebi a necessidade de contar com outros professores para acompanhar o desenvolvimento das novas ideias.” Essa rede de apoio foi crucial para acompanhar a expansão da iniciativa, que passou de cinco para 40 participantes em poucos meses.

Do Ensino Médio à Universidade

A trajetória das fundadoras da SunRise exemplifica como a experiência prática e a imersão em projetos científicos podem moldar o futuro acadêmico e profissional das estudantes. O envolvimento no projeto foi determinante para que cada uma delas descobrisse seus interesses e desenvolvesse um forte senso de propósito, refletido na aprovação em universidades públicas. Fabiane ingressou em Engenharia Química na UFPR, onde será caloura das estudantes Luiza Alves e Letícia Sato, que já estavam na instituição desde 2024, enquanto Eduarda Miura escolheu a área da Biotecnologia na UEL. Eduarda Pietra, por sua vez, segue avaliando as melhores opções para sua jornada acadêmica. A consolidação dessas conquistas reforça o impacto transformador da SunRise, que não apenas impulsiona a inovação e a sustentabilidade, mas também abre caminhos reais para o futuro de suas participantes.

Ecossistema Sunrise

Além de produzir biodiesel para os ônibus escolares da cidade, a SunRise expandiu suas iniciativas para novas frentes tecnológicas e sustentáveis. O ecoponto criado pelas alunas, que coleta óleo de cozinha e plástico PET, fornece matéria-prima essencial para diversos projetos, como a fabricação de filamentos para impressoras 3D, utilizados na construção de minifoguetes e na criação de uma mão biônica para competições. Atualmente, a iniciativa integra dez projetos interconectados, formando um ecossistema colaborativo. “Cada projeto alimenta o outro para que tudo funcione de forma integrada”, explica o professor Matheus Souza. Exemplos disso são o Bioagro, que utiliza fertilizantes derivados do glicerol, subproduto do biodiesel, e o desenvolvimento de óculos sonares para deficientes visuais. O trabalho conjunto entre estudantes e professores impulsiona a inovação e gera soluções com impacto direto na comunidade e no meio ambiente.

“Com o crescimento da SunRise, fui convidado para assumir a responsabilidade de coordenar alguns dos novos projetos, como minifoguetes e a produção de filamentos de garrafas PET para impressoras 3D. Nosso objetivo é expandir a participação dos estudantes, criando uma equipe diversificada e envolvendo toda a escola. Esse ano, estamos focados em consolidar essas iniciativas e impulsionar ainda mais a interdisciplinaridade, conectando robótica, sustentabilidade e ciências aplicadas”, explica o professor Wagner Willians Alves, que atua como coordenador da iniciativa ao lado do professor Matheus Souza.

Para Heloá Cunha, uma das jovens cientistas de apenas 15 anos, o interesse pelo SunRise começou ainda no 9º ano, quando conheceu o projeto de biodiesel, o Biosun. “Foi esse projeto que me fez escolher o Colégio Carrão e o integral para o ensino médio. Assim que entrei, me informei sobre os projetos e hoje faço parte da startup, participando dos projetos de filamentos 3D, feitos de garrafas PET, e da equipe de minifoguetes. No próximo ano, junto com outras colegas, vou liderar o desenvolvimento dos filamentos e fui escolhida como capitã da equipe de minifoguetes de 2025. Esses projetos não só incentivam meu desenvolvimento pessoal, mas me preparam para o futuro com aprendizado prático em todas as etapas”, conta a estudante.

Maitê Iryoda, 15 anos, conta que também se juntou à Sunrise motivada pelos projetos de inovação. A estudante atualmente lidera o Ecoponto e está assumindo novas responsabilidades com a saída das últimas fundadoras, que terminaram o Ensino Médio esse ano e devem seguir para a faculdade. “Desde que entrei no colégio, meu objetivo era fazer parte da equipe. Hoje, além de cuidar das parcerias do Ecoponto, vou assumir o projeto de biodiesel e acompanhar a produção, além de participar de reuniões e eventos. Esses desafios têm sido fundamentais para meu crescimento, me preparando para lidar com grandes responsabilidades e trabalhar diretamente com empresas parceiras”, explica.

O Biosun, projeto de biodiesel, segue em evolução e está em fase de testes e licitação. A intenção é que em breve o combustível produzido pela escola abasteça toda a frota de ônibus escolares da cidade, fortalecendo o compromisso da iniciativa com a sustentabilidade. A parceria com um shopping local, junto à criação do ecoponto para coleta de óleo de cozinha, garante o fornecimento contínuo de matéria-prima, reforçando a integração com a economia circular e o envolvimento da comunidade.

Também integrante da equipe, a estudante Harumi Kogio, 16 anos, faz parte do desenvolvimento de um protótipo de mão biônica, que participou de um hackathon neste ano, e o de minifoguetes, que a levou junto com outras meninas para competir no Rio de Janeiro. “Esses projetos me desafiam a cada dia. No projeto da mão biônica, aprendi muito sobre desenvolvimento tecnológico e inovação. Já o de minifoguetes me deu a chance de representar nossa equipe em uma competição em outro Estado, o que foi uma experiência incrível. Participar de projetos assim me faz perceber o quanto posso evoluir e construir um futuro na área de tecnologia”, reflete.

Já para Clara Lupinacci, de 15 anos, o destaque fica para o projeto Bioagro, que foi o vencedor de um hackathon em 2024. “No Bioagro, tive a chance de explorar a sustentabilidade de uma forma que nunca imaginei, além de trabalhar com soluções inovadoras para o meio ambiente. A vitória no hackathon foi um momento especial para nossa equipe”, celebra. A estudante também integra a equipe de minifoguetes: “essa experiência me ajudou a desenvolver habilidades práticas e revelou áreas de interesse que eu nem imaginava. Esses projetos abriram portas e me fizeram enxergar o futuro de uma maneira nova”, comenta.

Projetos como o Sunrise, impulsionados pela modalidade de Ensino Médio em Tempo Integral, tendem a despertar o interesse dos estudantes pela ciência e proporcionar um aprendizado prático em áreas fundamentais para o futuro. As jovens cientistas conduzem pesquisas, desenvolvem soluções e gerenciam processos, com autonomia, desenvolvendo habilidades de liderança. Esse ambiente de inovação contribui para que os estudantes assumam o protagonismo na criação de novas tecnologias.

Sobre o Ensino Médio Integral

O Ensino Médio Integral é uma proposta pedagógica multidimensional, moderna, nacional, pública e gratuita. A partir de um modelo de ensino que se conecta à realidade dos jovens e ao desenvolvimento de suas competências cognitivas e socioemocionais, propõe a formação integral dos estudantes. Trabalha pilares como projeto de vida, aprendizado na prática, tutoria, protagonismo juvenil, acolhimento, orientação de estudos e eletivas, que promovem a formação completa do estudante, junto aos componentes curriculares já previstos na BNCC. Está presente em cerca de 6 mil escolas em todo o país, beneficiando mais de 1 milhão de estudantes.

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